Nhemoá

No episódio 21, Sérgio Bairon relembra algumas reflexões dos outros episódios do podcast para relacionar com as texturas sonoras dos textos. E com isso, ele conversa sobre o processo criativo das texturas sonoras, sobre a experiência de trabalhar o texto a partir de sonoridades, associando a escrita de ouvido com a questão musical brasileira. Sérgio explica o processo de criação das texturas sonoras a partir de textos acadêmicos e ficcionais, que surgiu dentro da academia, com a possibilidade de renovar as formas de pensamentos dentro das universidades.
Sérgio Bairon propõe uma reflexão sobre as texturas sonoras, que surgem a partir de textos acadêmicos. As texturas sonoras aprofundam sobre as associações livres, de ideias, sobre o fluxo da oralidade ao acaso, a sonoridade das línguas e a sobreposição de vozes, da escuta no processo criativo. Através das texturas sonoras, nos conectamos ao caminho de expansão da interpretação, da compreensão, do diálogo, da escuta.
No episódio 19, os participantes compartilharam o que escreveram sobre a escuta. Os textos mostraram os sentimentos e memórias de cada um, lembranças e linguagens que existem a partir da escuta. Com esse exercício da escrita livre, podemos observar e compreender a escuta na sua verdadeira versão.
O exercício da escrita proposto neste episódio para escrever bem é iniciar um pequeno texto a partir das frases“A escuta…” ou “Eu escuto….”. E mais uma vez, esse exercício da escrita foi realizado sem interrupções e sem preocupações com erros, depois, algumas pessoas compartilharam o que escreveram. As partilhas foram interessantes pois mostraram as emoções e sentimentos daqueles que participaram do exercício da escrita proposto por Marília Librandi.
Neste episódio, Marília cita alguns escritores brasileiros que também utilizam a relação entre a escuta e escrita. João Guimarães, um dos escritores brasileiros que capta as vozes do sertanejo e mistura com a filosofia e com a literatura europeia, escandinava, germânica, cria em seu livro um autor/narrador. A famosa e intrínseca frase de Oswald Andrade: "A gente escreve o que ouve, nunca o que houve." A exposição das frases colhidas através da escuta de Veronica Stigger que se tornou um experimento artístico baseado na escuta. A partir dos trabalhos de alguns escritores brasileiros, podemos compreender a junção da tradição letrada com a não letrada através do elemento misterioso que é a escuta.
O 16º episódio do podcast propõe uma reflexão a partir das frases de Clarice Lispector e da obra de Machado de Assis e da escuta como autoria receptiva. A escuta é um lugar denso, é muda e receptiva, mas no entanto, é conectada com os dois momentos fundamentais: o nascimento e a morte. E segundo a literatura médica, o último sentido a desaparecer é a audição. Podemos confirmar isso no livro de Machado de Assis, “Memórias póstumas de Brás Cubas”, em que o personagem narra como foi a sua morte, já que ele morreu ouvindo. Neste episódio, Marília Librandi analisa a literatura de uma história da escuta, como autoria receptiva, contada pelo personagem Brás Cubas, do escritor Joaquim Maria Machado de Assis.
Neste episódio, a frase de Clarice Lispector “entre esse relógio, a máquina e o silêncio, havia uma orelha à escuta, grande, cor-de-rosa e morta”, permite a reflexão sobre as associações livres presentes na prática da escrita. E, a partir de associações livres, chegamos à conclusão que as inspirações e ideias associativas de Clarice Lispector fazem referência ao pintor Van Gogh. Nos processos de pesquisa, é possível encontrar as conexões que fazem parte de um inconsciente de época, isto é, a frase de Clarice Lispector faz referência às obras mais famosas de Van Gogh. Isso também acontece com o modo de escrita de cada um, pois quando escrevemos, buscamos associações e inspirações no outro e incorporamos por acaso.
A partir da experiência de Marília Librandi nos Estados Unidos, o episódio apresenta uma relação entre a psicanálise e a escrita de ouvido. As conexões inconscientes e mentais fazem sentido quando percebemos o que o outro tem a dizer e compreendemos a nossa escrita de ouvido. Então, podemos estabelecer uma relação com a esquizofrenia, já que é uma condição porque marcada por audição de vozes. Por isso, há traços da psicanálise que se assemelham e/ou se relacionam com a prática da escrita de ouvido.
Neste episódio, Marília Librandi fala sobre o seu processo de criação do seu livro. Podemos entender um processo de criação como o processo da escrita de ouvido, e para compreender isso, Marília cita a relação entre a língua estrangeira e sua musicalidade. Quando não entendemos uma língua, captamos o ritmo e o som da fala, e no processo criativo da escrita de ouvido, ocorre um deslocamento sonoro entre as línguas.
A partir da música “Livros” de Caetano Veloso, podemos observar como a particularidade da nossa escrita literária acontece ao escrevermos contra a corrente. “Livros” faz referência à poesia de Olavo Bilac, a música de Caetano Veloso faz referência ao tropicalismo, quando cita os livros contra a cultura, fala também sobre a multiplicação do mundo, prática feita durante os encontros do podcast, quando cada um faz a leitura da sua prática de escrita, com uma perspectiva diferente sobre o mundo. Com essa canção popular brasileira sobre os livros, Caetano Veloso propõe um intercruzamento intenso entre a música e a literatura, uma filosofia na própria canção.
Neste episódio, Marília Librandi propõe uma reflexão sobre "Iracema", o romance de José de Alencar, livro importantíssimo para a literatura brasileira. A partir da reflexão, também compreendemos como a caracterização da literatura brasileira se dá pela escrita de ouvido, que não se apega em normas, da ideia de uma escrita padrão, voltado para um letramento. É por isso que, a nossa "escrita de ouvido" se assemelha à musicalidade, que carrega uma força incrível de aspectos da literatura brasileira.
O décimo episódio do podcast “Como Escrever Bem” aborda a importância da liberdade da escrita. Ao criar um fluxo dessa prática, é possível entender o processo contínuo das infinitas emoções presentes no texto. E a liberdade da escrita, acontece quando expomos cada sentimento, cada emoção das nossas vivências que nos conectam com o outro. Neste episódio, foi proposto um rápido exercício em que cada participante deveria fazer uma lista, enumerando o que a prática de escrever representa para cada um. Com isso, é possível desbloquear os costumes e tudo aquilo que nos impede de seguir a liberdade da escrita.
Neste episódio do podcast “Como Escrever Bem”, Marília Librandi propõe uma reflexão sobre os processos da escrita. Ela utiliza como exemplo a “escola dinâmica de escritores” do escritor mexicano, Mario Bellatin, que seguia uma única lei, mais ou menos aplicável: os alunos não poderiam escrever. Isso porque ele acreditava que não era possível ensinar a escrever, nem acreditava no modelo tradicional dos processos da escrita. Com isso, o episódio 9 é baseado na escrita como uma conexão, como um encontro entre os processos da escrita, que acontecem de forma individual, com os processos criativos rodeados de vozes e emoções do momento.
O exercício proposto no episódio 8 do podcast “Como Escrever Bem” tem como objetivo permitir que a escrita seja feita com a mão em movimento. Isto é, escrever o que vem à mente, de forma direta, sem a preocupação de evitar os erros de concordância ou de gramática. Neste primeiro momento da mão em movimento, não controlamos a lógica, a escrita é feita de forma fluida, sem rasuras limitantes. E a partir desse exercício, praticamos um olhar atento aos detalhes e nos permitimos nos escutar a partir da escrita. Para escrever bem é preciso, em um primeiro instante, permitir que a mente observe todas as coisas, todas as minúcias para que a nossa mão em movimento faça o seu papel de escrever de forma livre.
No sétimo episódio do podcast, o tema da reflexão é a forma que Guimarães Rosa colocava as suas ideias e inspirações no papel. Como a democracia da escrita, sem obrigações limitantes deixam o exercício de escrever mais leve e mais livre. Junto com os participantes, a análise da escrita de Guimarães Rosa deixou ainda mais evidente os benefícios de exercitar a liberdade sobre o tema e como isso é produtivo para escrever bem. A característica marcante do escritor Guimarães Rosa de ser atento aos detalhes, reflete na forma que ele escrevia, sem poupar ideias, sem preocupar-se com as regras no primeiro instante.
Praticar a escuta sem fazer julgamentos é um exercício para escrever bem, mas sem o controle de cobrar a perfeição das palavras e das frases. Para escrever bem, precisamos oferecer e respeitar o espaço para as ideias iniciais da nossa mente, sem cobrar a perfeição da escrita. Neste episódio do podcast, Marília faz uma reflexão sobre a importância de analisar os detalhes do cotidiano, escrever aquilo que percebemos no momento e reparar em todos os detalhes. E quando escutamos sem julgamentos, conseguimos alcançar outras realidades, saindo da autorreferência e autocontrole, e isso é escrever bem.
No quinto episódio do podcast, Sérgio analisa a fala de Marília a partir de uma reflexão de textura sonora do livro “A Hora da Estrela”. A proposta deste episódio foi o exercício de uma construção de textura sonora associada à obra de Clarice, interpretando “A Hora da Estrela” a partir da escuta. Esse tipo de exercício reforça a relação entre a escrita e escuta, analisa o tipo de escrita e o tipo de proposição de escuta. As reflexões de Marília sobre o famoso livro de Clarice, mostram o processo de interpretação do texto construído baseado na textura sonora.
O quarto episódio de "Como escrever bem” aborda o processo da escrita a partir do exercício da escuta. Quando focamos a atenção naquilo que escutamos, treinamos o exercício da escuta e conseguimos identificar a energia da mente que escreve. Sérgio e Marília abordam a expressão e prática presente no livro “A hora da estrela” de Clarice Lispector, de “escrever de ouvido”. A importância de apurar o ouvido através do exercício da escuta, sem que a escrita interfira neste momento. Neste episódio foi apontado o processo de conhecer a mente para produzir um texto, sem se preocupar com o produto final, com a expectativa do outro.
O terceiro encontro abordou a prática da escuta a partir da escrita. Marília e Sérgio apresentaram uma atividade de escrita: apenas com um contexto, escrever as primeiras ideias e palavras que surgiram na cabeça. Em seguida, alguns participantes do curso leram em voz alta os textos que produziram e a prática da escuta foi desenvolvida ao lembrarmos (ou não) daquilo do que escutamos do texto do outro.
O segundo episódio de “Encontros de Escuta e Escrita” reitera a celebração da ideia de conjunção entre a escrita e escuta. Para alcançar o processo criativo, partimos de um processo elaborado para praticar a escrita e escuta, de forma pessoal e coletiva, e lembrar que a inspiração vem da respiração. Quando nos livramos das dificuldades que envolvem o processo de produzir, fica mais prazeroso e criativo nos envolvermos com os momentos da escrita e escuta.